domingo, novembro 08, 2009

Devaneios

Sou dos mais terríveis medos,
habito o cefalotórax de seus pesadelos.
Sou também das maravilhas ocultas
que sussuram no teu ouvido,
ocultas.

Estou na sagacidade das feras,
nos locais que decidiste não visitar.
Sou a terra, o céu, o mar.
Sou antes das eras das eras.

Procura-me e não me encontrará,
mas busca-me nas coisas invisíveis,
pois essas que são indissolúveis.

Senta e espera,
encontrarei-lhe no futuro,
e enquanto não é hora,
busca-me em teus devaneios noturnos.

Filipe Torresi Rissetto, 08/11/2009

quarta-feira, novembro 04, 2009

A Rua e Eu.




Só a Rua e eu hoje.
Meus passos parecem ecoar por todo o mundo.
Cada beco parece tão profundo.
Cada gato vadio ao aparecer foje.
Só eu e a Rua hoje.
Poucos habitam essa realidade.
Pode-se ouvir o ganido de cães esquecidos,
vejo um pouco de mim neles, e passo
e meus passos ainda ecoam, só por mim percebidos,
Só por mim e pela Rua,
Rua que me conhece melhor que muitos,
Rua que conheço nua.
Nos postes e paredes manifestos falam à mim,
exigem que eu fuja da alienação,
eu mesmo tenho minha parte aqui,
rabisquei meu coração em algumas passagens,
mas minhas passagens são pouco notadas.
Essas pessoas que andam de dia, sempre ocupadas...
Ando por aqui e vejo cada detalhe,
aqui é a realidade que começa quando todos se vão
e desvanesce pela manhã, com o primeiro ônibus lotado.
Sou o amante da cidade pela madrugada,
e vivo aqui, deste lado,
quando me despeço de minha amada,
espero no fim do dia, sua nova chegada.

Filipe Torresi Rissetto, 04/11/2009

Pobre poema sem título

Ah! Se o mundo fosse meu...
Todas as flores teriam teu perfume.

Poria nas uvas meus sentimentos,
guardaria meu coração nas videiras,
e o vinho traria os mais prazerosos momentos
para durarem uma vida inteira.

Quereria tua companhia ao meu lado
ao repartir o pão matinal
e dividir os primeiros sorrisos do dia...
Quereria mais ainda, que um dia tudo isso fosse real...

Filipe Torresi Rissetto, 04/11/2009

Contemplações




Acordei e ainda estava escuro. Quatro da manhã, ela, ao meu lado dormia. Arrumei seus cabelos enquanto olhava seu pacífico rosto que vez ou outra se movia levemente. Que será que sonhas? Fiquei ainda um bom tempo vivendo aqueles momentos nos sonhos dela, então me levantei pra fumar um cigarro.
Sentei na cadeira de plástico da varanda à 9 andares do chão, sem camisa o vento batia em meu peito ainda um pouco frio, mas era uma madrugada agradável. O céu ostentava uma beleza magnífica à todos que naquele momento estivessem acordados.
O cigarro na boca, o frio no peito e ela na cabeça. Pensei em escrever alguns versos ali mesmo, pois tudo agora era propício.
Queria primeiramente escrever algo concreto, algo maciço, objetivo, Mas sou uma pessoa subjetiva e todos os meus sentimentos são enevoados, portanto, foi assim que escrevi. Estava meio ausente da escrita, mas escrevia de maneira sagaz, encarniçado por mais e mais e mais!
Ao primeiro feixe de luz tinha inúmeras páginas de palavras que nem me lembrava de ter escrito, enquanto eu lia, ela acordou, dei-lhe os poemas que descobri ter-lhe acabado de escrever eo beijo deslocou-nos tempo pra onde vivemos pra sempre.

Filipe Torresi Rissetto, 03/11/2009

domingo, novembro 01, 2009

Áspero, cavalo e cego

Toco o seu corpo áspero, salpicado de areia e com cheiro de mar.
Quero cada grão da sua pele em fricção com cada grão do corpo meu.
Sou agora um pedaço de carne cego e rodeado de prazeres,
prazeres que gritam por ela,
que capturam-me em desejos dos quais não posso mais escapar,
que me fazem um sagaz cavalo em corrida, almejando a chegada
onde a encontrarei e onde terei um sonho entre meus braços,
pelo menos por um momento.

Filipe Torresi Rissetto