quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Inconstância - Flobela Espanca

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…

Florbela Espanca - A mensageira das violetas

2 comentários:

  1. Gosto muito de Florbela, e esse poema em especial já me fez muito sentido, exceto pelo primeiro verso do primeiro terceto; "Passei a vida a amar e a esquecer". Felizmente não existe um tratamento como o de "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" ainda, a vida perderia muito da sua graça e nunca mais se faria poesia ahuhauaha.

    ResponderExcluir
  2. Uma vez me falaram que eu era o lado oculto de Florbela Espanca.
    Acredita que esta foi a primeira coisa que li dela>>> (interrogação)

    Experiência transcendental! Nada é por acaso.

    ResponderExcluir