quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Inconstância - Flobela Espanca

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…

Florbela Espanca - A mensageira das violetas

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Lenta dor, doce luar.

O frio no quarto, de onde vem?
Parece me cortar em dois pedaços.

De carona com o vento
vem chegando a solidão,
em tristes e lentos passos,
mas dessa vez, eu não abri a porta.

Distraio-me com um item na parede,
um quadro que me reconforta,
que leva minha cabeça a lua
depois a traz de volta,
e a solidão não mais importa.

Penso que todo sofrimento
que meu coração suporta
é apenas um truque do tempo
que está lá uma hora
e depois já não está mais.

Penso que para encontrar minha paz,
não a devo procurar fora, mas dentro de mim.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Running Wild Somewhere Anywhere

Buscador
Onírico de
Bombas caóticas
Ontológicas


L ugares
I nvisíveis
N adam em
D iscórdia ou
O rdem?


I sso é
S ó o que
S ou, em parte
O u por completo


D o momento.
E ntão
P asso a
E ntender o que é o
N ada e,
D e repente
E u o sou.

sábado, fevereiro 13, 2010

Equilíbrio.




A Fluência do corpo ao cruzar o espaço é Arte em movimento, espontânea, sem precedentes nem sucessão, poesia de Segundos.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Untitled.




Ainda temo essa estrada,
e mantenho a mais lenta passada.
Meus pés, já todos sujos de barro
(pois há muito fugi do asfalto)
continuam por esse caminho
em que alguns encontram amores
mas na história que eu hoje narro,
o chão não tem cores,
elas fugiram todas para o alto
enquanto esperam o amanhecer que nunca veio.

Tomo o leite do seio do meu medo,
esse leite azedo que me enche de receio
é só o que tenho para preparar meus remendos
e encontrar a luz que tanto preciso
para retomar meu juízo,
para encontrar as cores que, creio,
se escondem num amor que ainda não veio.

01/02/2010