quinta-feira, junho 17, 2010

Carta às estrelas

Carta encontrada no alto de uma torre de celular, dentro do ninho de uma ave qualquer.


















Clamo para que este pássaro detentor de minhas palavras voe alto o suficiente para que podeis receber minha carta.
Saudoso é o tempo em que os homens olhavam um céu de mistérios e em sua admiração cantavam belos mitos em vossa homenagem. Fico triste ao ver hoje as pessoas cobrindo o céu de poeira & fumaça e acreditando que sois triviais em suas vidas.
Sabeis que não compartilho idéias assim (ou qualquer outro tipo) com meus contemporâneos, vos canto com a mesma urgência dos antigos e nunca pedi nada em troca de meu culto além de vossa existência.
Vos peço agora, ouçam-me por um instante:
Vós, que os céus cobrem sempre que o véu negro da noite se levante, volteis vossas vistas para essa terra onde tão breve a vida se encerra e apontem-me a mulher que vos contempla com os mesmo olhos que eu, quero conhecer os lábios que a mim ela reserva, ouvir deles que seu amor é meu, confundir minhas realidades, juntar as metades que o mundo separou pois o tempo desta vida não joga do meu lado, o que me resta não é o bastante para dividir a eternidade deitado na grama com aquela que se ama.
Só preciso que me apontem o lugar e depois que eu a encontrar essa terra será pequena para nós dois.

4 comentários:

  1. Ouvi o teu grito e com ele me fico
    Se acaso encontrar uma coisa com o dito
    Ouvir-me-ás. É com a alma que eu grito.

    ResponderExcluir
  2. "Saudoso é o tempo em que os homens olhavam um céu de mistérios e em sua admiração cantavam belos mitos em vossa homenagem. Fico triste ao ver hoje as pessoas cobrindo o céu de poeira & fumaça e acreditando que sois triviais em suas vidas."

    Gostei, de verdade.
    Parabéns!
    E saudade de falar contigo, mistério!

    ResponderExcluir
  3. a estrelas ficam mais bonitas no céu puro.
    assim como o amor fica mais bonito na alma transparente.

    ResponderExcluir
  4. "Utopia hoje, ossos e carne amanhã" (Victor Hugo)


    Fazer do desejo sua própria poesia é gritar com urgência por uma realidade mais aparada, onde os nós possam ser atados, muito além da linha lógica do tempo.
    Bem distante do fora e do dentro, sua prosa encantada fala de velhas canções esquecidas, mas que não estão perdidas. Canções que sussurram para que a chamemos em berros cada vez mais intensos, em fantasias cada vez mais tangíveis...

    ResponderExcluir